O mercado norte-americano vem diminuindo sua dependência da Ásia e, com isso, o Brasil voltou a ser visto como grande exportador. E além de levar produtos verde-amarelos para os Estados Unidos, os brasileiros têm a oportunidade de abrir seus negócios por lá. Isso ficou evidente com a Missão Empresarial ao Texas, conduzida pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI) e Câmara Texana de Comércio no Brasil, em março. Um dos setores mais promissores no processo de internacionalização de empresas é o calçadista.
As trocas de informações e experiências durante a Missão, além de consultoria especializada, auxiliaram o empresário e designer de calçados, Mauro Slomp a definir sua estratégia para entrar no mercado texano ainda este ano. "Ir ao Texas nos permitiu identificar clientes em potencial, as melhores maneiras de fazer este processo da internacionalização que é muito importante para o setor calçadista. A minha ideia é criar uma empresa de pequeno porte, ter uma presença local no Texas", conta Slomp, que já teve uma experiência semelhante na Europa no início dos anos 2000 e deve manter o mesmo nome da marca: Mauro Slomp London.
"Quero vender para boutiques exclusivas. Faço sapatos em pequenas quantidades, não farei em larga escala. E também com foco na sustentabilidade, com reuso de materiais, entre outras questões. Quero entender o mercado de lá e fazer planos para expandir a marca", completa.
O primeiro passo deve ser a participação em eventos de moda, no mês de outubro, quando o estilista de sapatos deve levar amostras de coleções e tentar parcerias com designers norte-americanos. A coleção é voltada para pares femininos e deve contar com modelos mais abertos, como scarpins, sandálias e sapatos sociais.
Para o presidente da ACI, Diogo Leuck, este é o melhor momento de se inserir no mercado dos Estados Unidos. "É um bom momento para o Brasil, o câmbio favorável, preço em dólar do produto asiático subiu, tem uma competitividade econômica que não tinha antes. E tem a questão de frete que também favorece. Hoje o produto chega mais rápido e de forma mais barata, aqui não temos problema de lockdown", destaca Leuck que reforça a importância do setor do calçado neste cenário.
"Durante a Fimec ficou evidente que os americanos estão dispostos a pagar até 15% a mais pelo calçado brasileiro que pelo chinês. Isso mostra a necessidade deles e vimos isso in loco durante nossa missão ao Texas."
Leuck também traz algumas dicas para quem pretende participar do mercado global. "A primeira dica é: busque informações seguras. Uma das formas é participar dos eventos da ACI, temos o comitê de internacionalização. As pequenas indústrias podem começar também com o formato private label."