Assim como pode ocorrer no caso da variante Delta, identificada primeiro na Índia e que se alastra pelo mundo, foi por Gramado que a cepa Gama (P.1) chegou ao Estado. Identificada no País em Manaus, a linhagem P.1 foi registrada pela primeira vez no Rio Grande do Sul na cidade da Serra. O caso foi tornado público no dia 12 de fevereiro por meio do boletim genômico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
De acordo com o documento, um morador de 88 anos de Gramado, que apresentou os primeiros sintomas da doença no final de janeiro, se infectou com a variante P.1, que tem como característica maior capacidade de transmissão do vírus de uma pessoa para outra. O idoso faleceu dois dias antes da divulgação do boletim, em 10 de fevereiro, após ficar internado no Hospital Arcanjo São Miguel, em Gramado.
A P.1 é apontada por infectologistas como uma das causas, aliada ao comportamento das pessoas durante o verão, do aumento de casos e mortes por Covid-19 registrado no Estado em março. Dos 32,2 mil pessoas que morreram durante toda a pandemia no Rio Grande do Sul, 8.407 perderam a vida naquele mês. Foi o maior acumulado mensal da pandemia. O número de casos em março também bateu recorde, com 213.353 infectados.
Boletim genômico publicado no mês passado pela Secretaria Estadual da Saúde apontou que as amostras continuam apontando a presença majoritária da variante P.1 em circulação no Rio Grande do Sul.
Antes de o Estado perder o controle da circulação dessa variante, ainda quando surgiu o primeiro caso no Estado, a Secretaria de Saúde de Gramado informou, à época, que havia feito o rastreamento de pessoas que tiveram contato com o idoso apontado como o primeiro caso.
Variante Delta
Ainda mais transmissível que a P.1, a variante Delta pode estar em circulação no Rio Grande do Sul e também pode ter chegado ao Estado a partir da Serra. Uma amostra de um morador de Gramado e outra de um morador de Santana do Livramento, identificadas como suspeitas, serão analisadas pela Fiocruz.
Em entrevista à CNN Rádio, na última semana, o virologista da Universidade Feevale, Fernando Spilki, frisou que a variante Delta (descoberta na Índia) terá pela frente no País a P.1, predominante hoje no Brasil.
De acordo com ele, estudos conduzidos no Reino Unido indicam que a Delta é 60% mais transmissível do que a variante britânica Alfa. “No entanto, a situação epidemiológica de lá é diferente daqui, devemos ver como ela (Delta) se comporta no caso brasileiro.”
A Delta foi identificada primeiro no Brasil em São Paulo. O governo de São Paulo confirmou na última semana que a variante já circula no estado entre pessoas que não tiveram histórico de viagens para o exterior.
Ao menos sete Estados já decidiram antecipar a segunda dose da vacinação, com o intuito de conter eventual aumento da circulação da variante delta no País. Acre, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí e Santa Catarina já decidiram pela antecipação, além do Distrito Federal. Outros cogitam adotar a mesma conduta.
Pelo menos 20 contaminações pela mutação já foram registradas no País. Com sete ocorrências, o Paraná lidera o número de casos. Em seguida, está o Maranhão com seis registros. Goiás, Minas, Rio de Janeiro e São Paulo também detectaram infecções pela variante.