Em julho, o número de feminicídios, que em 2020 havia caído à sua menor marca histórica, com dois casos, subiu para nove neste ano (350%). O resultado também impactou no acumulado que havia fechado o primeiro semestre em redução e, agora, na soma dos sete meses, passou de 53 no ano passado para 58 neste ano (9%).
Para conter essa alta, as forças de segurança já trabalham na intensificação de ações repressivas e implantação de novas medidas de prevenção. Com a participação das 23 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs), a Polícia Civil deflagrou na última sexta-feira (6/8) a segunda fase da Operação Margaridas, com ações de combate a violência contra a mulher em diferentes regiões do Estado. Com a participação de 186 policiais, foram cumpridos 51 mandados de prisão, 82 mandados de busca e apreensão em 163 cidades, além da verificação de 273 denúncias de violência.
A instituição também lançou um novo programa de enfrentamento à violência contra a mulher, o PC por Elas, que reúne toda a estrutura que a Polícia Civil já dispõe para buscar parcerias na iniciativa privada que ajudem na luta contra esse tipo de crime. Entre as iniciativas, está a ampliação da abertura sequencial de Salas das Margaridas nas Delegacias de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPAs), para levar o acolhimento e o amparo especializado nessas unidades que mais frequentemente são a primeira parada das mulheres em busca de ajuda. Atualmente, existem 40 Salas das Margaridas e a inauguração de mais uma está prevista para os próximos dias no município de Ibirubá.
Além de atividades preventivas, como palestras em instituições públicas e privadas, o PC por Elas também vai ampliar para outras porções do Estado uma iniciativa da Deam de Novo Hamburgo, que busca promover o empoderamento pessoal e profissional de vítimas de violência. Em parceria com academias e escolas de artes marciais, elas aprendem noções gerais sobre técnicas de defesa pessoal e encontram nas colegas de turma o apoio de pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento. Nos próximos dias o projeto será implementado nas Deams de Viamão e Bento Gonçalves e, no futuro, a ideia é que funcione nas 23 unidades do Estado.
Entre as nove vítimas de feminicídio de julho, apenas duas tinham registro de ocorrência anterior contra o agressor, mesmo com a ampliação dos canais para denúncia de agressões ou qualquer suspeita de abuso contra mulheres. Além do Disque Denúncia 181 e do Denúncia Digital 181, no site da SSP, o WhatsApp da Polícia Civil (51 – 98444-0606) recebe mensagens 24 horas, sem a necessidade de se identificar, e a Delegacia Online, que teve suas possibilidades de registro aumentadas para receber os relatos de violência doméstica, também permite fazer o boletim de ocorrência, com a mesma validade do documento emitido presencialmente, a qualquer horário e por qualquer dispositivo com internet.
Apesar da alta nos femincídios, a maioria dos demais indicadores de violência contra a mulher apresentaram queda em julho, e no acumulado de sete meses, o cenário é de retrações nos quatro índices: ameaça (-7,5%), lesão corporal (-10,9%), estupros (-2,8%) e tentativa de feminicídios (13,8%).