A equipe do Círculo Operário Leopoldense (COL), avaliando os movimentos voltados para os direitos humanos, especialmente de crianças e adolescentes, percebeu a necessidade de formas de cuidado em saúde mental decorrentes da pandemia de Covid-19. Odete Zanchet, diretora executiva do COL, ressalta que a pandemia, que ainda segue exigindo atenção, deixou repercussões: o isolamento social; o fechamento dos espaços públicos, como escolas, creches e praças; e aumento das formas de violência intrafamiliar e violações de direitos de crianças e adolescentes.
"Tudo que nóis tem é nóis é o refrão de Principia, de Emicida, que inspira o título deste projeto de saúde mental. A música entoa diferentes formas de se fortalecer, de modo singular e coletivo, para o enfrentamento das adversidades da vida e seus múltiplos atravessamentos sociais contemporâneos", destaca Odete.
Segundo ela, o COL entende que é fundamental investir em estratégias que possibilitem o fortalecimento e o desenvolvimento psicossocial é essencial para um convívio mais saudável e estreitamento dos vínculos. Ela avalia, que neste sentido, o projeto, apoiado pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, busca oportunizar ambiente de escuta acolhedora, promovendo a comunicação e o protagonismo, fomentando o bem-estar e a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes atendidos pelo COL nas comunidades.
Conforme dados do projeto, as atividades em andamento envolvem mais de 150 crianças, adolescentes e jovens estão ocorrendo durante este ano no período diurno para as crianças e vespertino para os adolescentes e jovens.
Com atividades desenvolvidas em São Leopoldo, o Círculo Operário Leopoldense é uma organização não-governamental e filantrópica, que tem seu foco principal a ação junto às classes populares, visando melhoria de qualidade de vida, desenvolvimento de cidadania e garantia de direitos humanos de crianças, adolescentes, mulheres, famílias e comunidade em geral.
Os grupos são acompanhados pela equipe do COL, especialmente psicólogo, assistente social e educadores sociais. "Os encontros proporcionaram valorosos espaços de produção de vida e enfrentamento de questões pujantes nas vidas desses adolescentes e jovens. Debatemos sobre a, por vezes, impossibilidade de escuta das famílias e sociedade em geral sobre os temas mais pulsantes deste momento do desenvolvimento humano tão peculiar", avalia Odete, enfatizando o relato de uma das adolescentes participantes: "Me sinto acolhida neste espaço, sinto que posso socializar aqui". Outra participante ressaltou, conforme dados do projeto: "Esse é um dos poucos lugares que me sinto bem, que sinto que posso ser eu mesma". Além das atividades de grupo, envolvendo muita arte e bate-papo, a semana tem atividades juninas, garantindo um momento mais festivo, descontraído. A festa de São João do projeto ocorreu ontem na Casa da Criança e do Adolescente (CCA), no bairro Feitoria.
O mobilização do COL envolve o Centro de Defesa de Direitos Humanos (CDDH). Há ainda no trabalho a parceria com o Proame - Cedeca Bertholdo Weber, que tem como objetivo promover a dignidade e a defesa dos direitos, visando o exercício integral e universal dos direitos humanos e a promoção da cidadania plena.
O COL participa de outras iniciativas de discussões na área social e com outras entidades, por meio de propostas como Diálogos em Rede, que envolve ainda equipes da Prefeitura. O COL conta ainda com vários materiais na redes sociais, como o vídeo Vida Maria, que explica de forma lúdica e didática o ciclo da pobreza que mantém por gerações as crianças no trabalho infantil.