O rio emudecido segue seu rumo. Pelo leito, segue manso e tranquilo. Passa por areias, troncos, garrafas, pneus, copos e sacolas plásticas, sapatos, sofás. Os peixes, que deveriam povoar o manancial, quase não são vistos.
Há muito tempo atrás conheci uma menina. Muito dedicada! Ela tinha uma doença que não lhe permitia uma vida normal: fibrose cística. Seus pulmões eram doentes e as suas férias eram no hospital. Precisava de cuidados especiais. Lembrei-me dela neste artigo, porque nosso rio, assim como a minha amada educanda são aprendizagens dolorosas na minha vida. Todo verão a história se repete, nosso Sinos fica sob olhares de cuidados por causa da sua falta de oxigênio dissolvido, por sua falta de água. A poluição que percorre seu leito ao invés da biodiversidade, está deveria se refletir coletivamente de suas águas. Nosso Sinos é notícia para pedir socorro. Sinuosa morreu há anos. Lembro-me dela sempre nesta época. Era forte e mais experiente que muita gente. Tinha amigos na enfermagem porque morava no hospital. Seu sorriso era marcante, pois apesar da doença sabia conquistar. Nosso rio é tão lindo quanto ela. É um grande potencial de vida e de cidadania. Não deixe nosso Sinos morrer. Ele está em nossas células, nossas unidades de vida. O rio não deve ficar apenas na memória. Precisa ficar no seu leito, correndo límpido e cheio de vida.
Sinuosa é um nome que criei para este artigo, mas a história é verdadeira. Sinuosa, porque nosso rio é rico em sinuosidades. Cada "sino", que forma as margens do Sinos, é uma barreira natural para evitar o desastre que seriam as enxurradas.
Minha aluna não partiu desta vida em vão. Ela me ajuda até hoje na educação socioambiental sustentável. Ela está viva na educação e em meu coração!