Quando há um tempo me hospedei no Hotel Charrua, junto ao túnel verde de Santa Cruz do Sul, levei um susto ao olhar para o amplo espaço à minha frente: voltei à década de 1960, quando o Colégio Mauá realizava seus festivais naquele palco, que acolhia uma noite de arte e emoção de todas as idades e modalidades artísticas.
Orgulhosamente, o diretor Hardy Elmiro Martin abria o evento, que concentrava o melhor do talento de crianças e jovens, numa noite de raras emoções, cujos números haviam sido minuciosamente ensaiados para encantar o público que lotava um dos mais belos teatros do Estado.
E agora estava eu novamente nesse espaço mágico onde, como jovem integrante da direção do Mauá, apresentava orgulhosamente os números artísticos integrados pelos nossos próprios filhos em sua tenra idade, felizmente documentados pela fotografia na época.
Meu olhar foi capturado pela imagem do mezanino do antigo teatro, ainda com as mesmas poltronas, de onde assistira filmes memoráveis que o Cine Victória trouxera orgulhosamente para estreia na cidade, tais como: As Gêmeas de Zillertal, O Mar Azul e Você, no auge do cinema alemão, além de superproduções como Os Dez Mandamentos, Cleópatra.
Confesso que me invadiu certa dose de nostalgia quando olhei para essas imagens de outrora, sem condições de retomarem seu antigo esplendor. O palco das grandes emoções virou simples estacionamento e a sala do outrora esplendor cinematográfico está relegado ao abandono. Quem sabe um dia, ao menos para um momento mágico, a cortina volte a descobrir para mais um espetáculo no palco do Cine Victória, onde minha juventude viveu dias de glória e onde nossos filhos pequenos ensaiaram os primeiros passos da futura vida artística.